Conta a lenda que, para se ter sorte, é preciso comer um prato de nhoque no dia 29 sem esquecer de colocar uma nota de dinheiro debaixo do prato e mentalizar um pedido especial: "estou comendo este nhoque para que nunca me falte comida na mesa e dinheiro no bolso". O mais importante é fazer o pedido enquanto saboreia os sete primeiros nhoques e que o dinheiro fique guardado até o próximo dia 29, para garantir a fartura desejada. A lenda conta que num certo dia 29 São Pantaleão, vestido de andarilho, perambulava faminto por um vilarejo da Itália. De casa em casa, pedia comida e ninguém o atendia. Apenas uma família, que tinha pouca comida em casa, ajudou o pobre homem. Deram sete massinhas de nhoque para o andarilho e desta forma todos conseguiram se alimentar. São Pantaleão comeu, agradeceu e desejou sorte à família, antes de partir. Quando foram recolher os pratos descobriam que havia moedas embaixo de cada prato.

Todo mundo quer provar o nhoque de mandioquinha da Jéssica!

Nem todo mundo sabe, mas a Jéssica já participou do Programa É de Casa, da Rede Globo. Ela foi convidada para cozinhar ao vivo e escolheu o seu prato favorito, nhoque de mandioquinha, para ensinar ao público. Receita que ela aprendeu com uma professora de gastronomia que é muito querida pela família Bellatucci, a Reymi Myazi.

Desde então, o prato favorito tornou-se seu carro-chefe e até foi um dos muitos empurrões que a levaram à abertura do Bellatucci. Depois da participar do programa, choveram pessoas convidando a Jéssica para cozinhar na casa delas ou demonstrando muita vontade em provar o prato.

Daí, a sementinha foi crescendo em seu coração: “se tanta gente quer provar, por que não posso ter um restaurante e vendê-lo?” Por isso que quando o Bellatucci nasceu, mesmo com um cardápio de almoço bem reduzido (que já está sendo ampliando devido ao aumento da clientela #TksLord!), o nhoque entrou na parada.

Não fixamos ele no menu diário porque dá trabalho! A Jéssica faz a massa artesanalmente e faz questão de moldar “cada cobrinha” – como ela mesmo diz – e cortar bolinha por bolinha igualmente. Aliás, até descascar a mandioquinha ela gosta. Esse é um processo que ela faz do começo ao fim. Da mandioquinha descascada até o molho de calabresa levemente apimentado. Ela conta com ajuda? Sim, claro! Qual cozinheiro – ou chef, como queiram – não conta? Mas o nhoque é feito essencialmente por ela.

Logo no nosso mês de inauguração, dia 29, conhecido pelo Dia do Nhoque da Fortuna, foi um sábado. Decidimos aproveitar o ensejo e realizar a primeira “Nhocada da Jéssica”. Não foi fácil. Ela (e toda a equipe) trabalhou duro a semana toda e ralou no dia do evento para tudo sair direitinho. Deu medo? Deu! Tivemos falhas? Tivemos. Mas aprendemos, nos aprimoramos e no dia 29 de setembro tudo já foi mais fácil.

E, para nossa felicidade, as pessoas começaram a nos procurar para realizar almoços de grupos fechados – com o nhoque de mandioquinha como prato principal – e está sendo muito legal fazer esses eventos! Nesse mês, abrimos as portas do Bellatucci em dois Domingos seguidos para comemorar o aniversário da Regina e do Davi, respectivamente.

Foram experiências muito bacanas e estamos melhorando a cada uma delas. Já temos mais duas nhocadas marcadas para grupos fechados no mês que vem! E todo dia 29 vamos ter nhocada no Bellatucci. Esse mês foi fechado para o aniversário do Davi, mas em novembro teremos nhoque no almoço para quem quiser seguir a tradição.

Vou confessar aqui para vocês que eu nunca tinha feito a simpatia do nhoque até dia 29 de setembro, na nossa segunda nhocada. O primeiro evento foi uma loucura, a equipe ficou só com vontade de nhoque! Mas no segundo, conseguimos almoçar e também fazer a simpatia. E olha só, não é que outubro foi um mês ótimo, cheio de novos clientes e eventos? Pelo sim ou pelo não, agora em outubro, comemos o nhoque divino da Jéssica com a notinha debaixo do prato. Vamos ver o que nos aguarda em novembro!

Para quem não conhece a lenda do Dia do Nhoque da Fortuna, aí vai:

Conta a tradição que, para se ter sorte, é preciso comer um prato de nhoque no dia 29 com uma nota de dinheiro debaixo do prato. A lenda conta que num certo dia 29 São Pantaleão, vestido de andarilho, perambulava faminto por um vilarejo da Itália. De casa em casa, pedia comida. Uma família humilde decidiu ajudá-lo e dividiu a refeição com ele. Foram exatas sete bolinhas de nhoque para cada um que estava a mesa. São Pantaleão comeu, agradeceu e desejou sorte à família, antes de partir e, pelo gesto de gratidão e caridade, deixou moedas embaixo de cada prato.

O que achou da história? Já a conhecia? Se você já segue a tradição, taí um ótimo motivo para almoçar com a gente no próximo dia 29. E para quem nunca a fez, que tal testar aqui no Bellatucci?

Se quiser fazer seu evento, não precisa esperar ser um dia 29, não! Venha saborear o nhoque de mandiquinha da Jéssica e celebrar deliciosos momentos com seus amigos e familiares aqui. Quem já fez, recomenda. Teremos muito prazer em recebê-los!

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Por que o Bellatucci não é “apenas” mais uma cafeteria

Como nosso site tardou um pouco para ficar pronto e o nosso blog mais ainda, tem alguns assuntos que já são antigos, mas que valem a pena serem explanados aqui. Esse espaço foi feito justamente para isso, para conversamos com nossos amigos clientes, contar para eles o que gostaríamos de contar se eles estivessem aqui, no nosso café inclusivo, sentados em uma das nossas cadeiras azuis tomando um capuccino e comendo um pedaço de bolo.

São raros os clientes que saem daqui sem um bate papo com a gente. Alguns mais longos, outros mais breves, mas sempre tentamos conhecer um pouco da história de quem está nos visitando e vice-versa.

Vale o registro aqui também de parte da história do Bellatucci, o primeiro café inclusivo do Brasil fundado por uma empreendedora com Síndrome de Down. Parte porque nossa história é longa, envolve 25 anos de batalha por inclusão e autonomia. Luta a qual só quem é família conhece. Mas, passando um pouco esse filme para frente, chegamos no capítulo atual.

O sonho da Jéssica sempre foi ter um restaurante, mas o alto investimento e o ritmo frenético que o estabelecimento demanda não se encaixavam com as nossas reais expectativas . Sim, porque tudo foi pensado, planejado, estudado. Foram meses para o sonho se realizar, nada aconteceu da noite pro dia. Foi então que eu e meu marido (o sócio da Jéssica), após viajarmos pela América do Sul e termos conhecido inúmeros cafés charmosos, trouxemos essa ideia para a Jéssica.

Por que não abrir um café restô? Modelo muito comum em outros países e que ainda está ganhando espaço no Brasil. Não se trata de uma cafeteria, tipo Starbucks (bebidas à base de café, salgados e pessoas focadas em seu notebook trabalhando), é um espaço gastronômico onde as pessoas podem passar horas degustando quitutes e pratos que fogem do trivial, sem ver o tempo passar, porque se sentem acolhidas ali. É comum também esses espaços serem utilizados para eventos e encontros culturais.

E se o Bellatucci ainda não é assim, estamos caminhando na direção certa e a passos largos para isso. Até mesmo aqueles que por aqui passam buscando por um café rápido, acabam sentando, respirando, se acalmando e percebendo que é possível tomar um café com calma. Aqueles cinco minutinhos engolindo um café de pé pode se transformar em meia hora, tomando o mesmo café, sentado, batendo um papo, ouvindo uma boa música ou lendo uma revista. O café não muda, mas o ambiente e o estado de espírito sim e a bebida fica até mais gostosa.

Em três meses de funcionamento é exatamente esse tipo de feedback que estamos recebendo. Clientes gratos por encontrarem um oásis em meio a selva de pedra. Felizes em receber um atendimento caloroso, humanizado, olho no olho, sinceridade no “seja bem-vindo”. Clientes que entram para tomar um cafezinho e acabam almoçando, comendo sobremesa e tomando outro cafezinho rs. Clientes que se sentem acolhidos em nosso espaço, pois percebem o amor que ali permeia.

Todo dia temos uma surpresa boa. Seja uma palavra, uma visita, uma avaliação ou comentário nas redes sociais. O mais importante é que sentimos que são elogios sinceros. Não tem condescendência. Os elogios são para o nosso espaço, o nosso serviço, o nosso atendimento e o nosso cardápio. Não é porque a Jéssica, o Phillipe, a Priscila, a Bárbara ou a Jaque são “bonitinhos”. É porque eles estão fazendo o trabalho deles corretamente. É porque o Bellatucci está dando oportunidade para eles trabalharem e aprenderem com erros e acertos.

O café não saiu direito? Acontece, todo mundo erra, faz outro! O bolo queimou? Bate uma massa nova. O nhoque ficou duro? Tenta de novo! Aqui todo mundo é aprendiz. Não tem um chef nos bastidores fazendo tudo. Quem faz é a Jéssica – uma cozinheira amadora que sonha em ser uma chef, mas ainda não é – com a ajuda dos seus amigos e da sua mãe, que sempre cozinhou só para sua família. É tudo de verdade. E é esse coração aberto, transparência e essa casa de vidro que criamos, que ganha a empatia das pessoas. Percebe a diferença entre empatia e condescendência?

Aliás, esse último exemplo do nhoque, me faz lembrar de um caso real. Um dia, uma cliente veio aqui e o nhoque de mandioquinha não estava no ponto certo. Com a sinceridade que tanto prezamos e pedimos aos nossos clientes, ela nos contou que estava indo embora insatisfeita. A Jéssica, como profissional e não como uma coadjuvante da história, se desculpou pelo seu erro. Porque foi erro dela mesmo. Ela que faz, ela que errou. E ela assume. Ponto. Aliás, essa é uma das coisas que prezamos por aqui, não temos que poupá-los. Se queremos inclusão, comecemos de casa (ou do trabalho) a tratá-los igualmente.

Depois do ocorrido, a Jéssica passou o dia todo chateada e inconformada com a falha. Quando chegou a noite em sua casa, ela tomou a iniciativa de preparar uma nova massa. No dia seguinte, quando chegou o horário do almoço, ela estava lá, na porta do consultório onde nossa cliente trabalha, com um prato de nhoque em mãos, dessa vez bem feito, e um novo pedido de desculpas, mas dessa vez não vinha acompanhado de desapontamento e sim de orgulho, por ter se superado.